As emergências em saúde pública em tempos de mudanças climáticas e o cuidado em saúde mental dos trabalhadores da Saúde foram tema de painel no segundo e último dia do Conexões AgSUS Ceará.
O primeiro debatedor foi o secretário-executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, Antonio Silva Lima Neto, que pontuou que as mudanças climáticas trazem novos desafios e que é preciso investir em capacidade laboratorial para identificar novos patógenos e se preparar para futuras pandemias. Também apontou a necessidade de melhorar a qualidade da água na região semiárida para evitar a transmissão de doenças.
Maxmiria Batista, professora de Medicina e Saúde Pública na Universidade Federal do Ceará (UFC), alertou para os efeitos indiretos de uma atividade econômica ou social que podem envolver degradação ambiental e causar impactos na saúde da população, especialmente nas áreas mais vulneráveis. Ela também destacou os impactos do uso de agrotóxicos na região da Chapada do Apodi, no Ceará, como o desenvolvimento de doenças e deficiências pelos trabalhadores agrícolas e pela população local.
Integrante da Associação Brasileira de Agroecologia, Fernanda Savicki, que participou on-line, afirmou que é necessário discutir com urgência um modelo de desenvolvimento sustentável que inclua a agroecologia. Ela também apontou os riscos causados pelo aquecimento global, como a perda de espécies animais e vegetais.
O presidente do Núcleo de Tratamento e Estimulação Precoce da UFC, José Lucivan Miranda, abordou o aumento de casos de microcefalia infantil no Ceará causados pela epidemia de zika vírus em 2015 e 2016. Ele explicou a estratégia utilizada para combater o problema, que envolveu a capacitação de 124 profissionais de policlínicas do estado, com foco em abordagem centrada nas famílias.
Para finalizar o painel, o gestor da Unidade de Integridade da AgSUS, Mário Augusto Araújo, falou sobre os impactos da ecoansiedade – sentimento generalizado de angústia com as consequências das mudanças no clima – na saúde mental dos trabalhadores da saúde. Trouxe também o compromisso da Agência em ser reconhecida como uma instituição acolhedora aos seus trabalhadores.
Na fala de encerramento do evento, a gestora da Unidade de Serviços em Saúde da AgSUS, Caroline Duarte, comemorou o sucesso das atividades realizadas pelo Projeto AgSUS no Território e ressaltou aos médicos e médicas tutoras presentes a importância da comunicação no cotidiano dos serviços de saúde com as gestões municipais, respeitando a autonomia dos entes federados e valorizando o papel da Agência no apoio operacional das políticas definidas pelo SUS.