Em 5 meses, UBS+Digital realiza 3.551 teleatendimentos em 10 municípios sem médico

24/08/2023

Em evento on-line realizado nesta terça-feira (23) – Comunidade de Práticas do Projeto UBS+Digital –, o público conheceu o projeto piloto UBS+Digital, que há 5 meses já realizou 3.551 teleconsultas médicas em 11 Unidades Básicas de Saúde (UBS) em 10 municípios onde não foi possível prover o médico no formato presencial pelo Programa Médicos pelo Brasil. É uma iniciativa da Agência de Desenvolvimento para Atenção Primária à Saúde (Adaps) em parceria com o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo (HCFMUSP). A tecnologia começou a ser implantada em 8 de março de 2023, conectando pacientes e médicos na Atenção Primária.

Moderado pela enfermeira da Unidade de Saúde Digital do HCFMUSP, Luciana Hataiama, o evento reuniu 293 participantes, e contou com experts no tema da telemedicina e telessaúde, tais como o diretor da Unidade de Saúde Digital do HCFMUSP, Carlos Carvalho, e o professor da Disciplina de Telemedicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e presidente da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde (ABTms), professor Chao Wen. O diretor-técnico interino da Adaps, André Longo, abriu o evento, dizendo que este projeto piloto poderá ser uma semente importante para uma melhor qualificação na Atenção Primária à Saúde do Brasil. “Mesmo com os programas de provimento médico existentes, ainda tem inúmeros municípios vulneráveis, sem médicos, e essa iniciativa se soma ao esforço de buscar qualificar a assistência à saúde para levar até a população”, afirmou. Longo enalteceu a importância do evento para a troca de experiências entre diversos participantes, um espaço colaborativo para compartilhar as vivências dos profissionais de diferentes regiões do país, com interesses e desafios similares, e entre os promotores do projeto: Adaps, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina da USP e a Fundação Zerbini. 

Em sua palestra, Carvalho apresentou o dado de que 25% da população no Brasil não tem acesso à Atenção Primária à Saúde, e que as tecnologias digitais podem alavancar de forma transformadora esse problema. “O projeto UBS+Digital foi desenvolvido para dar esse apoio e tampar um pouco dessas lacunas de cobertura para a população brasileira”, explicou. Carvalho também apresentou os dados parciais do projeto em números: 3.551 teleatendimentos, e uma resolutividade considerada excelente em 85% dos casos. Além disso, 97% dos pacientes que responderam ao questionário de satisfação deram respostas altamente positivas, recomendando e indicando os serviços do projeto para amigos e familiares. O palestrante destacou a participação dos médicos que trabalham no projeto, demonstrando que todos são especialistas em Medicina de Família e Comunidade, e atuam em um espaço físico na USP, em São Paulo.

Para o professor Chao, o futuro não deve ser baseado somente no uso da telessaúde pela Atenção Primária à Saúde no Brasil, mas sim, se agregar aos demais pontos da Rede (Atenção Especializada e Hospitalar) para se ter o que se chama de telessaúde integrada, evitando a fragmentação de cuidado dos usuários do SUS e executando processos mais resolutivos.

UBS Paissandu

        A enfermeira Maria das Graça Almeida fez um relato de sua experiência com a telemedicina na UBS Paissandu, que na primeira etapa do projeto realizou mais de 320 atendimentos com uma resolutividade de 92%. Um total de 91% dos pacientes indicou o projeto para amigos e familiares. Na segunda etapa do projeto, pode-se observar um número salto para 650 teleatendimentos realizados. Localizada em uma comunidade de 880 pessoas, em área de difícil acesso, com com abrangência de cobertura de 1500 habitantes, a UBS superou alguns desafios: internet intermitente, o que dificulta o acesso aos aplicativos, além  da dificuldade da população local em se familiarizar com essa nova forma de atendimento atrás de uma câmera. A unidade conta com  11 profissionais de saúde e houve treinamento com a equipe e  com a população. Contou com apoio de uma empresa local que fornecia internet gratuitamente, o que facilitou bastante o avanço do projeto. A enfermeira mostrou imagens da estrutura montada na UBS para ocorrer a teleconsulta, com equipamentos de saúde, computador e sempre a presença de um profissional de saúde (enfermeiro ou técnico) acompanhando a consulta. Segundo Maria das Graças, os pacientes relatam que se sentem acolhidos e protegidos nesse novo formato de atendimento.