O 3° encontro do Curso de Formação Intercultural com foco na Saúde Indígena promovido pela Agência para o Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps) aconteceu na última segunda-feira (18) com a participação de 3 mulheres potentes, que falaram sobre e interculturalidade, bem viver indígena e a construção de caminhos para a interculturalidade.
A 1ª a falar foi a indígena Putira Baré, mestre em antropologia pela Universidade Federal do Pará, doutoranda na área de concentração bioantropologia no mesmo Programa, e técnica responsável na coordenação estadual de saúde indígena e populações tradicionais da Secretaria de Estado da Saúde do Pará. Ao falar sobre interculturalidade Putira ressaltou que a diversidade inclui divergências, relações de poder, interesses e benefícios e, neste sentido, indicou para a necessidade de um grande diálogo, o uso de novas tecnologias de cuidado dos corpos e territórios. Para ela o olhar tem vida e é “preciso respeitar o que tem no paneiro, na mochila e no coração de todos nós”.
Priscila Kaingang é psicóloga com especialização em terapia cognitivo-comportamental e atua na saúde indígena com os povos Kaingang e Guarani no litoral sul do Brasil, além de ser conselheira do CONDISI em sua região, e fez a 2ª fala do dia sobre o conceito de Bem Viver indígena. Ela focou nas barreiras invisíveis que separa os homens brancos dos indígenas, aproveitando para indagar a plateia sobre “o que vocês conhecem sobre nós?”. Seu principal recado foi que o Bem Viver dos povos indígenas tem a ver com o seu território, com o cuidado consigo e com o outro, com integração entre todos os seres vivos
Na mesa de trabalho, coordenada pelo chefe do Núcleo de Articulação com os DSEIs da Adaps, Edson Oliveira, teve como tema “Construindo Caminhos para Interculturalidade”, além das palestrantes, participou também a professora Denise Osório do Departamento de Saúde Coletiva da Universidade de Brasília e também membro do Colegiado Gestor do Ambulatório de Saúde Indígena da UnB. A professora por sua vez focou na importância do protagonismo dos estudantes indígenas da UNB na discussão e criação de disciplinas sobre saúde dos povos indígenas e a abertura de caminhos interculturais dentro da instituição e na criação do ambulatório.
Para fechar o terceiro encontro, a diretora-presidente da Adaps, Vera Lúcia Santana, reforçou a importância da formação e a participação das mulheres nas duas mesas do dia, agradeceu a contribuição dada. “Essa formação, esses diálogos mostram a maturidade com que vimos conduzindo essa transição da Adaps para a AgSUS, mostra a nossa predisposição de acolher, realmente, essa missão institucional do cuidado com a saúde dos povos indígenas desse país. Fico feliz que nesse processo nosso de gestão, a gente tenha tido a capacidade, a dimensão política da importância desse evento, sinalizando não somente para nossa equipe Adaps/AgSUS, mas principalmente para os povos indígenas de que, a partir dessa Agência, ancorada nas suas parcerias com o Ministério da Saúde, a gente quer qualificar, elevar os níveis da atenção à saúde dos povos indígenas”, concluiu Drª Vera.
O curso visa fomentar discussões para formação dos profissionais da AgSUS e do Ministério da Saúde para a interculturalidade e a compreensão das especificidades do contexto indígenas tanto relacionadas às práticas das Medicinas Indígenas quanto no exercício dos conhecimentos acadêmicos pelos profissionais de saúde.
O quarto encontro acontece no próximo dia 25 de setembro às 14 horas.